segunda-feira, maio 16, 2011

Pedaço de gente é gente e tanto!

Estava ali, em sua mão, com um último sopro de vida, aquela pequena criatura que, dentro de alguns meses, seria seu lindo bebê. Havia, simplesmente, escorrido de dentro de si. Muito sangue e lágrimas inundavam toda a casa.
Seu ventre se contorcia, como se dele tivessem sido arrancados brutalmente todos os órgãos.
Só o que a tomava era uma dor imensa e a certeza de que iria morrer.
Nada a confortava. O sangue que tanto escorria era sua alma materializada. Descia ininterruptamente, descontroladamente, por suas pernas seus sonhos que foram construídos ao longo dos anos.
Ela fora levada para os médicos, que cessaram o sangue. Só o sangue...
O pequeno bebê ao laboratório, que nunca compensou sua perda com uma resposta convincente.
Talvez devesse tê-lo conservado em um vidrinho, na beira da cama, dando-lhe bom-dia e boa-noite até seu anoitecer, porque sua hemorragia era eterna. Sua vida perdera a cor. Tudo agora era sépia.

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