quarta-feira, maio 25, 2011

Estranhos no ninho

Um homem estranho gritava do sofá. E do quarto, da sala, da cozinha... Grande macho que era, sempre se impunha pela voz - grossa, alta, opulenta. Ela, a cada dia que passava, o considerava mais... estranho. Como podia uma pessoa que dormira ao seu lado durante quase quarenta anos ser, de repente, uma incógnita? 
A culpa era de quem? Dele, que nunca soube se mostrar? Dela, que nunca soube se mostrar?
A verdade é que aquelas duas criaturas coexistiram numa mesma casa, numa mesma cama, anos a fio, mas talvez nunca tenham coexistido dentro de si mesmos.
Aquele homem era o amor da vida dela ou seu carma? Ela não saberia nunca dizer. Agora que estava doente, então, sua condescendência por ele aumentara ainda mais. Carma ou amor? Ela nunca saberia dizer. Ela não sabia o que era carma. Menos ainda o que era amor.

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